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Boa Tarde - os testemunhos de sobreviventes de violação

Até saltei do sofá e desatei a mandar vir com a televisão pela forma como ouvi Conceição Lino conduzir as conversas que teve em directo com duas vítimas de violação no seu programa de tarde "Boa Noite".



Não há dúvidas que há quem saiba fazer este tipo de programas muito bem e outros que, mesmo já a contar com um ano de prática debaixo do cinto, estão longe de deixar de cometer erros graves.

Conceição Lino cometeu, a meu ver, erros gravíssimos na condução da conversa com os seus convidados. O primeiro de todos é que não deixa as pessoas falar! Gosta demasiado de ouvir a sua própria voz, que fala demasiado e depressa ganha um registo enfadonho que dá vontade de mudar de canal.



Ainda assim resisti ao impulso de a "calar de vez" e mantive-me fiel à vontade de acompanhar o desfecho deste tema que foi trazido a debate. Queria ver o que o programa podia trazer de "bom" para ajudar as pessoas que vivem com esta realidade. Mas o programa não trouxe nada. Limitou-se a usar as histórias destas pessoas em troca de share. Colocou os rostos em estúdio tristes e revoltados e deu-se por satisfeito. Logo de seguida, corta-se para intervalo anunciando um concurso em que se pode ganhar "não-sei-quantos-euros" e pronto: assunto "despachado", vamos a intervalo para nos recompormos com um snack e regressa-se a falar de coisas mais divertidas.



Além dos testemunhos de pessoas que sobreviveram a violações, haviam dois peritos em estúdio. Portanto, estavam reunidas as condições para terminar o segmento com algo produtivo. Mas não! Isso não aconteceu. E isso é que é revoltante.



Se pedem a pessoas para irem à televisão testemunhar algo tão pessoal e grave, deviam ao menos fazer um programa de esclarecimento, não de uso. Se eu fosse uma destas pessoas não ia gostar de ver a minha história passar na TV para servir um propósito que não o de ajudar e esclarecer alguém. Claro que existe sempre a esperança da história vir a ajudar quem está neste momento a passar por algo parecido mas, sejamos francos, a TV utiliza estes temas mais para proveito próprio, como gancho para chamar audiência quando podia, no processo, criar condições para esclarecer o público e fortalecer as actuais vítimas, incutindo-lhes coragem para lutar para terminar com situações de abuso.




Conceição Lino, que até agora não tinha realmente "avaliado" como comunicadora, tem uma longa experiência noutros programas de sucesso mas, claramente, neste registo não é adequada. Para jornalista, deixou algo a desejar na condução das conversas! Perguntas que deviam ser feitas antes de outras, cortar a palavra à pessoa que está a testemunhar e falar mais tempo do que ela... cala-te mulher! Nós queremos é ouvir o testemunho, não és tu! E mais: não se ponha a cortar a história que está a ser contada no presente para introduzir dados complementares do passado. Aprenda a fazer as perguntas de forma a obter essa informação sequenciada no testemunho! Porque não é a Conceição Lino que tem de RELATAR o evento. É a pessoa que o viveu. Portanto: não corte o que está a ser dito por quem viveu a história para acrescentar com as suas palavras. Saiba perguntar de forma a que seja o entrevistado a facultar toda a informação durante a entrevista.



Só acompanhei o programa a partir do testemunho de "Paulo" e "Maria", dois sobreviventes de violação. Enquanto Conceição Lino, aflita por tempo, corta a palavra e não deixa "Maria" desenvolver o seu testemunho, submeteu "Paulo" a questões ocas e redudantes, que não levavam a lado algum. Fez-lhe questões óbvias e andou ali a perguntar o mesmo por palavras diferentes, sem aprofundar como poderia... a fazer tempo! Não soube usar bem os convidados em estúdio, nem os testemunhos dos sobreviventes.

O segmento termina sem causar grande impacto.


E é uma pena. Em televisão e em programas destes já vi melhor. Fico a admirar ainda mais quem o sabe fazer com mais emoção e quem consegue fazer um programa que se sente útil, que termina mas deixa no ar informações que podem servir de ajuda a muita gente. Não foi o caso deste.

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