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Ingratidão

Todos sabem que as estações de televisão competem entre si. Isto gera que, grandes nomes, sejam cobiçados e ocorram transferências. Quem gosta de futebol entende esta parte muito bem. Na televisão passa-se o mesmo. Apresentadores com mais reputação são disputados. E assim, é vê-los a "saltar" da Sic para a RTP, da RTP para a SIC, daqui para a TVI e vice-versa.
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Mas só alguns, os de maior ego, saiem sempre a falar mal do sítio que abandoam. Foi o que aconteceu com Herman José em 2000, quando saiu da RTP para a SIC. E é o que se repete agora, ao sair da SIC para a TVI.
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Durante estes 9 anos em que se manteve na estação, só falou bem da SIC. Nem os muitos fracassos que protagonizou, nem o rompimento com amigos e colegas de longa data o conduziu a uma humilde reflexão sobre a sua metedologia. Nunca deixou de «dar graxa» ao patrão, elogiando a SIC e os seus directores e desfazendo a importância das conquistas da concorrência e os fracassos protagonizados. Quando abandonou a RTP, disse «cobras e lagartos» da estação. Elogiou a SIC repetidamente, dizendo que era uma estação onde tinha liberdade criativa. Ora, se a ausência de «liberdade criativa» o fez fazer programas como o "Parabéns", na RTP, com belíssimas entrevistas, então castrem esse homem!
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Houve quem lamentasse a sua saída da RTP mas, pessoalmente, achei que esta tinha ficado a ganhar. O tempo, claro, ditaria a sentença e acabou de o fazer: a RTP ficou de facto a ganhar. E a SIC? Queimou-se! Há pessoas que não podem ser livres...
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Lembro em particular do Herman Sic, que para mim ficou no ar muitos anos para além do que devia. E porquê? Se fosse um programa feito por qualquer outra pessoa, tinha sido imediatamente cancelado. Mas confiaram que o peso do nome de Herman bastava para o programa ter o seu público. Enganaram-se. Não assumindo o erro e sem proceder ao extermínio do problema, continuaram a enterrar mais fundo os pregos do caixão, ao fazer ouvidos de mercador e ao continuar a insistir em produzir um programa que ninguém mais assistia. Não escutaram a insatisfação do público, das audiências (sempre boas na versão-Herman) e foram enterrando a SIC, mais e mais, de cada vez que o programa continuava no ar. Por isso, e também por outras razões que se prendem simplesmente à ética e ao carácter, o Herman não devia estar a dizer mal da estação que ajudou a enterrar.
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Como artista, que tem de passar por alguns dissabores, até acredito que, na sua perspectiva, é um herói, injustiçado, traído, sabotado mas... na SIC Herman gozou de total liberdade. Portanto, mandou mais do que foi mandado. O fracasso é todo de sua responsabilidade e a culpa da SIC prende-se na sua atitude autista, em não querer assumir que, neste tempo, o «dinossauro» da comédia não tinha piada, a não ser de mau gosto.
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Lembro-me em particular da entrevista que Herman fez a Sting, no Herman Sic. Às tantas, o cantor praticamente mandou Herman para «aquele» lugar, só com a sua expressão. Perfeito cavalheiro, Sting podia ter-se levantado e ir embora, mas também não ficou ali com sorriso amarelo, como tantos outros antes e depois dele. Afinal, Herman só falava de si, da sua experiência como cantor (não presta para nada), da sua vida, do seu pai e, como é de seu hábito, interrompeu sempre o diálogo de Sting. Foi das entrevistas em que o seu egocentrismo mais sobressaiu. Depois disto, aguardava o fim do Herman SIC, mas durou mais uns anos... sempre a afundar.
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Agora diz bem da TVI, estação à qual não reconheceu nenhuma conquista enquanto funcionário contratado da SIC. Isto do mundo artístico tem muito que se lhe diga... mas resume-se apenas a este factor básico: os bons são aqueles onde estás, os maus são aqueles de onde sais. Se regressares, voltam a ser bonzinhos e toda a polémica do passado cai na amnésia.
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Por isso é que admiro apresentadores como o Jorge Gabriel ou o Júlio Isidro. Estes têm talento e uma postura profissional. Fazem as coisas com o sentido apurado no dever e encaram as transferências de estações como uma nova etapa que traz desafios, como metas a atingir. Se querem lavar «roupa suja», não o fazem na imprensa... tsc, tsc, tsc!
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Teresa Guilherme é outra apresentadora/produtora que andou a agitar as águas e a afundar o navio da SIC. Quando li que fez um contrato milionário para ser a produtora exclusiva da estação, achei que era um erro crasso, básico até. Primeiro, por ser um fenomenal erro ter uma parceria exclusiva com alguém, numa altura de crise. Além de ter de indemnizar forte e feio a Teresa Guilherme Produções caso surgisse a vontade de cessar contracto, a SIC fechou as portas à criatividade alheia, às produtoras independentes, à inovação. Simplesmente uma decisão que colocou mais um prego no caixão da SIC. E assim foi. Uma estação na situação da SIC não podia investir em produção nacional da maneira que o fez, achando que bastava fazer para ganhar audiências. Não há Floribela que aguente!
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Teresa é outra que andou a tecer uns comentários nada abonatórios da SIC. Com razão ou sem ela, convinha a estes dois profissionais reconhecerem que tiraram os seus proveitos do prato onde agora cospem. Compreendo que se acham maiores e melhores que todo aquele esquema. Mas depois, quando rejeitados, andam "ó pai, ó pai" a ver se conseguem trabalho noutra estação, como o Herman andou a fazer na TVI. É óbvio que ele quer passar a impressão que é artista convidado, que não «correu atrás», não precisa, tem muitos projectos, tem dinheiro, reconhecem-lhe o mérito... mas não é assim que as coisas realmente se passam. As rodas do sistema continuam a ser oleadas com muita graxa. A verdade é que estas pessoas estão viciadas na fama. Se existem televisões e os holofotes não apontam na sua direcção, não se sentem bem. E é por esta razão que admiro outro tipo de apresentadores. Com outra postura, menos egocêntrica e mais profissional. Tal como o Jorge Gabriel ou o maturo Júlio Isidro. Nem sempre recebem da entidade patronal o devido valor, mas o público lá o atribui.
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José Malato, por exemplo, é um apresentador cuja função na TV ainda não entendi. Não simpatizo com ele, talvez porque, tal como Herman, gosta muito de falar de si mesmo e interrompe os convidados para contar uma história sobre si mesmo, que sempre começa com «à muito tempo atrás, há muitos anos, quando EU trabalhava na rádio...». Não gosto de o ouvir falar de si e não lhe consigo identificar especial talento. Em pouco tempo de presença nos ecrãs, já estava com o seu próprio Talk-show. Foi um fracasso e rapidamente saiu do ar, de forma discreta, como sempre deve ser. O fracasso foi varrido para debaixo do tapete e não mais se falou dele. No entanto, Jorge Gabriel, veterano nestas lidas, com provas dadas, manifesta o desejo de fazer um programa similar em night-time e nenhuma oportunidade lhe foi concedida. Está certo: lá por funcionar bem como apresentador em programas de diferentes estilos, pode não ser tão bom noutros. Mas se deram uma chance ao Malato, porque não ao Jorge? Ás vezes penso que a televisão, assim como qualquer meio artístico, continua a sofrer do ancestral hábito de descriminar os artistas de acordo com a sua inclinação sexual. Os que são gays continuam a receber a preferência dos patrões. Os que não são, ficam mais na sombra, a executar um bom trabalho, mas com menos destaque. Há coisas que parecem não mudar...

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