Nunca entendi porquê comparavam a Bárbara Guimarães à Catarina Furtado, e vice-versa, na procura de qual das duas é a melhor apresentadora de TV.
A meu ver cada pessoa tem o seu estilo e por isso, cada um é válido. Catarina, Bárbara, Francisca, Andreia, Néne, Pessoa... não importa o nome! Cada pessoa tem a sua forma de estar diante do público, a forma de comunicar. Não podem, por isso, haver comparações. O que existe são gostos.
De há uns (bons) anos para cá não vejo qualquer atractivo no estilo de Catarina Furtado. Acho-a insípida, sempre igual, sempre no mesmo registo, sem acrescentar nada de novo ou de importante aos programas que apresenta. Esta apresentadora, que chegou a ser muito disputada entre as televisões por ser um «íman» de audiências, acomodou-se na cómoda RTP, ganha o seu salariozinho no final do mês e lá trabalha, tranquila e sem grandes percalços. Não só não aprecio a falta de identidade dos seus programas, como não gosto da ouvir falar. Não gosto daquela voz colocada, propositadamente melosa, um tanto enfadonha e demasiado "ensinada". Não gosto de a ouvir em voz-off.
A Bárbara Guimarães nunca foi tão disputada quanto Catarina Furtado nem alguma vez teve a estabilidade profissional que a primeira aparenta ter, mas penso que se pode dizer que é um rosto da SIC. Admiro a sua disposição para experimentar diversos registos. Bárbara não se fica por um formato, ela tenta todos. Nela identifico a vontade de conduzir o programa, de lhe dar uma identidade e uma coerência. Aprecio isso nela. Acho que fez um bom trabalho na apresentação do programa de talentos. Soube como agir para retirar um concorrente mais abusado do palco, soube como dar apoio àqueles que se sentiram com a rejeição e sabia como fazer tudo isto e manter o ritmo do programa, sem o deixar cair. Isto sim, mostra algum pulso!
Ainda não a vi a apresentar o "Peso Pesado" mas tenho a certeza que o programa está bem entregue e não havia na SIC quem o fizesse melhor. Mas contra uma Teresa Guilherme de quem todos já tinham saudades - e até a própria se entregou à apresentação do programa "Casa dos Segredos" com toda a garra devido às suas próprias saudades, "Peso Pesado", cuja primeira edição também não vi, não tinha qualquer hipótese de bater o outro nas audiências. Penso que a SIC percebeu logo isso e não criou falsas expectativas, embora Bárbara deva «lutar» a cada emissão para cativar o público para o seu programa, sem nunca desistir ou ter o espírito derrotista. Pelo que percebi, ela logo encorpou o espírito do projecto ao vestir-se de forma apropriada à imagem do programa e ao conciliar peças suas com as de guarda-roupa. E nem a óbvia desvantagem a desmotiva ou faz com que manipule a carreira de modo a liderar apenas a apresentação de programas sem concorrência à altura. Ela é sempre chamada para "apagar fogos". Muito criticada, nem sempre pela positiva, tem um tipo diferente da maioria das apresentadoras, que são menos curvilíneas. É uma lutadora, que arrisca e procura entender o conceito de cada programa para o apresentar de acordo com as necessárias diferenças de estilo. Já Catarina, fica-se pelo mesmo, seja a abraçar-se aos concorrentes de concursos de música, seja a abraçar-se a mulheres africanas no programa "Príncipes do nada". É igual.
Pelo menos é essa a impressão com que fico. Pessoalmente as duas até podem ser inversamente mais ou menos simpáticas/antipáticas, mas como comunicadoras que utilizam a TV para se expressar com o público, é isto que vejo. Como comecei por dizer, cada pessoa tem o seu estilo de COMUNICAR. Por isso, fazer comparações não faz muito sentido. Isto foi mais uma análise que uma comparação. Não importa se é a Bárbara, a Catarina ou a Bárbarina! Existe sempre alguém com um estilo diferente, uma imagem fresca, uma forma de estar... e é isto que muitas vezes falta na TV: pessoas diferentes! A RTP é, a meu ver, uma estação cheia de apresentadoras-clone, que não acrescentam nada de especial à apresentação dos programas, não variam muito de estilo ou de "energia". O primeiro canal a entender isto e a mudar as coisas vai sair a ganhar.
Claro que a novidade cansa mais depressa mas, enquanto dura, traz muitos benefícios.