Estreou à pouco tempo no canal MOV e é uma série extraordinária. Ao mesmo tempo que não tem nada de especial, é encantandora. Conta a história de um homem contido, que guarda as suas amarguras e mágoas para dentro. Inteligente, contenta-se em levar uma vida mediana como pai de família e professor de química do secundário. O ordenado é baixo, pelo que é forçado a dedicar-se a outro trabalho fora de horas, a lavar carros. Pouco respeitado pelas pessoas em geral, que o consideram incapaz de ser agressivo, o Sr. White (Branco) é gozado pelos alunos dentro e fora das aulas. Não é poupado nem quando se trata do filho de 15 anos, que nasceu com um problema que o debilita fisicamente. O casal White espera a chegada de mais uma criança e, para surpresa de todos, Walter é diagnosticado como tendo um mau caso de cancro no pulmão.
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É aqui que a sua vida toma outro rumo. Walter faz escolhas surpreendentes e, como qualquer pessoa que aprisiona uma mente genial numa garrafa, quando lhe salta a tampa, tudo é racionalmente calculado e os receios e inibições são substituídos por coragem e intimidação. E é assim que o professor de química vira "cozinheiro" de anfetaminas. Como parceiro recruta um jovem ex-aluno e, de imediato, os dois vêm-se envolvidos em situações que resultam em morte. Para prejudicar, o cunhado de Walter é um agente anti-drogas, especialista na área em que Walter opera. Longe de sonharem que o pai, cunhado e marido carrega mortes nas costas, a família começa a estranhar o comportamento de Walter. É então que este usa o seu estado de saúde, que mantinha secreto, para encobrir as suas actividades ilegais.
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Responsável por colocar no mercado a melhor "merda" que existe, muito pura e de cor verde, Walter depressa se revela um "cabeça" de quadrilha muito competente, que manipula Jessie, o ex-aluno agora parceiro, levando-o a cometer actos que terminam sempre mal para o seu lado. A sua "doença" chega ao pico e as suas inibições morais saltam pela janela, quando, intencionalmente, falta ao parto da filha para realizar um negócio de droga. Além disso, é também responsável pela morte de uma jovem de 27 anos, namorada de Jessie, que lhe extorquiu dinheiro. Walter encontra os dois pedrados a dormir abraçados na posição fetal e sacode Jessie tentando acordá-lo. Ao fazê-lo, faz com que a namorada deslize e fique na cama de barriga para o ar. Quando esta começa a sufocar com o próprio vómito (situação que pode acontecer no caso do consumo de heroína e que fez o casal adormecer na posição fetal) Walter reage e, num impulso, levanta-se da berma de Jessie para acudir a jovem. Porém, no mesmo impulso trava o movimento e fica a olhar a jovem até esta morrer. No dia seguinte, Jessie encontra a namorada morta e sente-se responsável. Pede ajuda a Walter, que lhe esconde ser o verdadeiro responsável. Nisto tudo, o pai da jovem rapariga, com quem Walter tinha metido conversa num bar em cujo tema de conversa foi os filhos e seus erros, regressa ao emprego, como controlador de tráfego aéreo. E, claro, espero que na vida real não seja assim tão facil como na ficção porque o homem, perturbado com a lembrança da morte súbita da filha de 27 anos, comete um erro que provoca uma colisão entre aviões. O estrondo acorda Walter do seu estado letárgico, onde se encontrava após a mulher o ter abandonado por ter descoberto todas as suas mentiras. Ele olha para o céu e vê o fumo e as chamas, sem sequer sonhar que é o responsável por aquela colisão.
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E assim termina a 2ª série de "Breaking Bad". Estou ansiosa para ver a 3ª pois, apesar de não acreditar que o façam, faria todo o sentido se a esposa e a filha recém-nascida de Walter estivessem num dos aviões. Seria o Karma a cobrar "olho por olho, dente por dente". Porque, se há uma mensagem que passa ao longo dos episódios, é que tudo tem volta. Cada vez que Walter e Jessie se metem a "cozinhar" anfetaminas, catástrofes metem-se a caminho, acabando em mortes. Enquanto isso perturba Jessie, que revela-se um jovem com boa moral, Walter consegue ser mais racional e, assim, muito mais frio. Por deixar morrer a filha do homem com quem, minutos antes, teve uma conversa de bar esclarecedora, outros filhos de alguém encontraram a morte no céu... e, como sempre, a morte veio para à porta de Walter, pois muitos dos escombros caiem no seu quintal. A polícia vai dirigir-se à casa e recolher, da piscina, um boneco de peluche que, certamente, pertencia a uma criança, agora morta.
Sobre o actor:
Muito se fala, embora não entenda bem porquê, do facto de Walter ser uma personagem interpretada por Bryan Cranston. Actor que entrou em Malcom in the Middle (em exibição no canal Fox), com a personagem Hall. Aqui e ali leio comentários que se surpreendem com o talento do actor nesta série. Ele até foi nomeado. Isto é o que não entendo na mentalidade americana e do público em geral. Se o homem já tinha mostrado o seu talento na série Malcom, porque carga de água é de surpreender que o mostre aqui também? Aliás, muitas das expressões de Walter fazem lembrar Hall. Decerto que não é algo que o actor gostasse de ouvir, já que as personagens são diferentes, mas é uma realidade. Sempre achei Hall com ar de quem podia dar para "bad" e aqui está o actor a prová-lo. Ele tem uma expressão intimista. Está mais para bandido que para bonzinho.
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Só há uma coisa que me irrita bastante. E se achava que podia ser "impressão" minha na série malcom in the Middle, fruto da personagem em si, agora que o actor encarna Walter, acho que o gosto por aparecer em muitas cenas quase nu ou a insinuar nudez é mesmo uma coisa dele, de que gosta. Quem conhece Malcom sabe que, logo no genério, Bryan Cranston aparece nu, coberto com um jornal. Em vários episódios, o seu corpo é mostrado e explorado como se fosse algo que quisessemos ver... e a situação repete-se aqui em Breaking Bad. O próprio cartaz mostra-o de cuecas e sem calças. No primeiro ao segundo episódio, existe nudez total. E continua assim, já que despir as calças parece ser um acto de voyerismo ao qual o actor não resiste, seja em que registo for... (comédia ou este drama). Tem sempre de despir as calças! Que voyerismo! Estou mesmo a vê-lo a levar uma vida dupla, de nudista. Se não tivesse esta profissão andaria no parque de gabardine, a exibir-se para as raparigas e a agarrar-se a árvores. É a impressão que me dá!
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