Estive a ver o programa Ídolos na Sic Mulher. Não costumo ver este tipo de programas. não me atraem muito. mas quando vejo, sei apreciar. Fiquei desapontado com o que ouvi. O juri é duro e não poupa críticas, muitas severas e dirigidas a jovens ainda muito emocionalmente frágeis. Mas, ao ouvir as suas críticas, tive de concordar com elas. Em alguns casos, teria sido ainda mais duro. E eu não sou assim, sou o oposto, gosto de incentivar e ajudar as pessoas a seguir e conquistar os seus intentos. Mas se há algo que me tem vindo a fazer confusão é perceber as diferenças entre a nossa juventude e os jovens de outros países -americanos, por exemplo, no que respeita ao acreditar e ao expressar os seus talentos. Irrita-me solenemente que nós pisemos um palco a "travar" a nossa estrela. Acho que isto mais do que tudo comprova que somos um povo oprimido, derrotista. Temos uma forma de educar os nossos a dar para o negativismo. Culpo a escola. Logo na pré primária, a forma como ensinam as crianças... é algo castrador. Usamos muito o "não" e pouco o "sim". Tememos o que vamos escutar, porque não temos o hábito de ter muitas alegrias. Somos uns castrados. Até podemos ter pouca autoconfiança mas, se não fossemos castrados, ainda havia hipótese disso nos prejudicar tanto. Temos, acho, dois graves erros: o da castração e o da ilusão. O primeiro é aquele que nos diz vezes sem contra: "Não faças isto. Não tentes que não vais conseguir. Para quê que vais às audições? Entre milhares de candidatos deves achar que és especial" - e este tipo de tretas típicas à portuguesa, derrotistas como tudo, que só nos puxam para trás. Assim, não há nenhum grandioso futuro para o país, a formar mentalidades destas! O que é feito dos navegadores? Das conquistas? E se tivessem dito este tipo de coisa a Gil Eanes? A Vasco da Gama? "Meu filho, não vás para o mar que é perigoso e podes apanhar um resfriado!". No que nos tornámos!
E depois existe o outro lado da moeda, igualmente prejudicial, que é aquele em que "tudo o que fazes é bem feito e os outros é que estão errados". Outro comportamento típico português. "O meu filho é o melhor filho do mundo. O meu filho não tem defeitos. O meu filho é lindo. O meu filho é talentoso. O meu filho porta-se sempre bem. Eu vou estar sempre do lado do meu filho". Ou lhes damos na cabeça a dizer que não prestam, ou lhes estragamos com mimos e ilusões. Ídolos é um programa que mostra isso. Temos os talentos brutos, muito brutos, talhados para brilhar mas que não fazem. Parecem ter medo. E, se se esforçam, o medo de errar, da rejeição, é tão forte que atrapalham a prestação. E não conseguem brilhar para ofuscar. Depois temos os que se acham muito bons e são incapazes de avaliar com clareza as suas capacidades, porque a mamã sempre lhes disse eram os melhores. E claro, há uma terceira espécie... os que foram gozados e humilhados e superaram isso criando ilusões. Por exemplo, uma pessoa que não canta bem porque não tem boa voz mas gosta tanto de musica que se põe a estudar, tocar e cantar. Os amigos gozam com ele na brincadeira e não percebem que o estão a magoar para além do ponto desejável. Para o combater, ele cria a ilusão de que é perseguido e não vê que existe razão na crítica, só não está correcto o método da expressar.
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